VAI PASSAR
(1984)
Vai passar nessa avenida
Um samba popular
Cada paralelepípedo da velha cidade
Esta noite vai se arrepiar
Ao lembrar que aqui passaram
Os sambas imortais
Que aqui sangraram pelos os nossos pés
Que aqui sambaram nossos ancestrais
Num tempo
Página infeliz da nossa história
Passagem desbotada da memória
Das nossas novas gerações
Dormia
A nossa pátria, mãe tão distraída
Sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações
Seus filhos
Erravam cegos pelo continente
Levavam pedras feito penitentes
Erguendo estranhas catedrais
E um dia, afinal, tinha o direito
A uma alegria fugas
Uma ofegante epidemia
Que se chamava carnaval.
Vai passar
Palmas pra ala dos barões famintos
O bloco dos Napoleões retintos
E os pigmeus do Bulevar
Meu Deus vem olhar
Vem ver de perto
Uma cidade a cantar
A evolução da liberdade
Até o dia clarear
Ai que vida boa... olé,lê
Ai que vida boa... olá,lá
O estandarte do sanatório geral
Vai passar...
5. SANATÓRIO GERAL:
Em 1984, ele volta às ruas com seu grande bloco carnavalesco, O sanatório Geral, enchendo outra vez as ruas da cidade de festa, de alegria e de descontração, comemorando com todo o povo brasileiro a abertura política no Brasil e encerrando seus longos anos (20 anos) de divergência com o regime militar. Afinal, tudo Vai Passar.
A música traz para a cidade, assim como na Banda, um instante de utopia à uma realidade rotineira e triste. Vai Passar é de autoria dele e de Francis Hime. Esta música dá título ao LP lançado em 1984, ela retrata a natureza do carnaval, o caráter utópico dessa festa popular e o seu significado simbólico na cidade.